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POEMA EM SENTIDO

Hoje,
descalço,
caminho no asfalto quente,
em meio a tanta gente
que caminha e tem pra onde ir,
me sentindo uma figura esquisita.
No cabelo, coloquei um laço de fita
e a minha boca borrei de batom
que nem sei dizer qual é o tom.
No olhos, a maquiagem
virou uma triste paisagem
derretendo-se ao calor do sol,
molhada pela tristeza
se escorrendo feito cachoeira
pelo meu rosto pálido,
deixando na boca um gosto de sal
No balanço de meus braços
as pulseiras vermelhas tocam 
o som da minha dor 
E lá vou eu,
feito uma  louca  da rua
entorpecida pelas razões
que só ela conhece, 
carregando no peito
meus sonhos desfeitos,
minhas verdades inventadas,
meu coração despedaçado
minha alma sem graça
e a  vergonha de querer o que não é meu.
Hoje,
descalço,
caminho no asfalto quente,
em meio a tanta gente,
entregando-me ao mundo
feito um vagabundo imundo
que recita  poemas
escritospor seus sentimentos profundos,
à procura de calma,
em busca de colo.