OS POBRES
Na inquietação da sombreada vida
onde cada qual do outro se afasta,
paira sobre nós a miséria esquecida
que magoa os corações que agasta.
Passamos ausentes sempre apressados
alheios do mundo que a mão estende,
olhamos apáticos os olhos encovados
e lamentamos a miséria que a vida fende.
Acossados pela fome e pelo desamor
suportam os pobres um viver de frieza,
gastos no silêncio são arautos da dor
que curtem angustiados na sua pobreza.
Abandonados na lastimosa solidão
derivam pelas ruelas escuras e frias,
onde só as estrelas possuem o condão
de as aclarar e tornar menos sombrias.
Por caminhos de incerteza e amargura
os pobres no anonimato mergulhados
vibram carentes de carinhos e ternura
e expiam agonizantes os sonhos falhados.