Volátil
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Me transformei em uma montanha rude,
destas que se erguem para o infinito
com uma imponência soberana...mas
ocultado que estou oca, sem sentimentos
erigida como se fosse uma fonte volátil
de paixão e anseios
Estou perdida na destreza das palavras
que formam ecos nos vales que me rodeiam,
cada vez que sussurro, vazam
minhas perdas em forma de lavas ardentes
que vão escorrendo, consumindo tudo
que exista ao meu redor
Foi muito bom, enquanto durou
as mutações que vinham me aquietando,
torrentes e violentas, cheias de paixão...
mas não vieram para ficar,
quando acordei, foram-se tornando efêmeras,
esmoreceram, abrindo um imenso abismo
Entre o prazer e eu, havia uma nascente
que me alimentava, sempre drenando
as minhas energias tempestuosas,
que seguiam como afluentes,
para todas as direções, por onde
se escondiam meus mais ardentes desejos
De repente, houve uma mudança,
e todas vieram seguidas de murmúrios,
que foram transformando,
metamorfoseando desde as entranhas
ao meu ego ferido, até que inteira...
fui me desintegrando...