Desbotado
São só lembranças...
A infância coagida dissolvendo-se no sangue ainda quente,
A escorrer pelo espelho, refletindo todo o fracasso e dor...
Não há lugar que sirva de consolo.
Nunca haverá.
O mais aconchegante,
Sempre parece coberto por espinhos...
E o grito na minha cabeça não me deixará distinguir sonho de realidade...
Estar de pé pode ser mais difícil que parece...
As mãos brancas deslizando por meu rosto desbotado,
Pode ser todo o estúpido significado que a tão imaculada lágrima carrega...
Por que chorar afinal? Se os olhos nem sabem o porquê...?
Talvez por saber que todo o fardo sempre será maior que se possa suportar,
Ou por saber que os crepúsculos podem ser ainda mais frágeis...
Só queria ver meu próprio sorriso desabrochar como um simples botão,
Sem vê-lo expirar após cada fragmento de respiração,
Por saber que sequer existe de verdade...
Mas sei que enquanto houver marcas tão intensas no espelho,
Todos meus anseios estarão escapando em cólera de minhas mãos,
Sem ter como agarrá-los com seguridade,
Para vivê-los ao menos uma vez...