Quando eu não mais existir

Quando eu não mais existir,

me procures nos raios do sol

que furtivos vazam pela janela,

pois eu aí estava, e tu não percebeste.

Quando eu não mais estiver e acordares,

me procures no café da manhã;

lá sempre estive e apesar de tudo

nunca fê-lo ou degustou-o comigo.

Quando eu não mais fizer parte,

me procures em um ombro amigo,

ele sempre esteve ali, sempre disponível,

mas você preferiu desprezá-lo. Desfez.

Quando eu já não mais aqui viver,

me procures nos pratos e talheres

raramente dispostos sobre a mesa,

porquanto tinha-os todos e optou não usá-los comigo.

Quando eu daqui partir,

me procures no lindo entardecer

que antecede o crepúsculo frio,

visto que, pior que fossem as noites gélidas

sempre eu estava ali, e, você linda insinuante

não queria o meu calor. Gozava o cobertor!

Quando tudo se acabar, desnudando a vida,

e as névoas da realidade se dissiparem;

quando as portas se fecharem,

e os seus recônditos se apagarem;

lembrar-se-á de suas palavras dolorosas e néscias;

Das minhas noites mal dormidas;

Dos meus banhos atropelados e desejosos;

De minhas várias tentativas diárias e

fracassadas em fazer amor...

E eu ali, com o imo corroído e dilacerado,

tornando-me um escravo da paz mercenária.

Sim, lembrar-se-á do homem ranzinzo, carrancudo...

que, por conseguinte, pra você em escusa

era viável encapuzar-me tão desse jeito!!!

Quando tudo se for; quando o ontem vir à tona e existir,

Me procures na esperança;

Nas várias preces incansáveis,

pois foi assim que sobrevivi...

Rezando para um dia melhor... Lutando por um sonho!

Quando tudo se acabar!

Quando eu não mais existir!

Marcos Antony
Enviado por Marcos Antony em 30/03/2009
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