Asas partidas
Uma célebre companhia,
Nestes idos descaminhados,
Que me velam noite após noite,
Há de ser-me luxúria avessa
Num viés de ilusão canhestra.
Pelos dias que vêm e vão,
À medida que as estações
Se desfiam, à revelia
De vaidade humana qualquer,
Tão somente me acolhe um trago
Que me sirva de confidente.
Não há mais anjos que me guardem
Na inocência que me blindava.
Despencados todos e mortos,
Ora habita meus aposentos
Um mau cheiro de putrefatos
Organismos que se desfazem...
Os meus anjos eram mortais.