Descontrole...

Nos vais e vens da psique

Indiferente é saber por quê

Apenas contemple a paisagem

Do que antes era uma miragem

Que foi se esvaindo pela viagem

Percebo que diante da loucura

Não adianta demonstrar bravura

Pois irás enfrentar a estupidez

E de nada adiantará a lucidez

Quando se perde o tal controle

Quem vive ao encalço do 'glamour'

Cedo ou bem tarde perde as calças

É como pisar em brasas só descalço

Queima e dói do pé ao calcanhar

É como ir do ópio a outro narcótico

Viver no mundo do psicotrópico

Dos remédios... Aos barbitúricos

A tentar conter a doença da alma

Transmutada, transcende, deságua

No universo perdido das drogas

É o passo do descompasso... Decadência!

E logo ela que era assim tão deslumbrante

Caiu no enredo da rede dos delinqüentes

Trocou o amor puro pelo fulgor delirante

Agora nem mais inspira um ser fulgurante

A rainha falecida dos sonhos distantes

Só perfila e desfila nostalgia... Triste mente

Pelos gestos prostituídos e tão decaídos

Cobertos pelo manto de espírito possuído

Desgovernada... Virou um trapo humano

Pelas vestes chiques não se percebe as entranhas

Do que ali esconde no interior de suas façanhas

Só me resta vir pedir ao criador que se apiede

Dessa antes divina criatura e que agora padece

No que antes era o encanto do mais alto luxo

Só virou protótipo da subespécie do lixo

E do meio da urina... Desfez-se o mito

Puxei a descarga! Desinfetei o que sinto

Não estou mais sob o seu fascínio e só digo...

Como sofre e é pobre essa loucura existente.

Hildebrando Menezes

Nota: A droga a que me refiro é a loucura da vaidade.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 26/03/2009
Reeditado em 26/03/2009
Código do texto: T1507302