Descontrole...
Nos vais e vens da psique
Indiferente é saber por quê
Apenas contemple a paisagem
Do que antes era uma miragem
Que foi se esvaindo pela viagem
Percebo que diante da loucura
Não adianta demonstrar bravura
Pois irás enfrentar a estupidez
E de nada adiantará a lucidez
Quando se perde o tal controle
Quem vive ao encalço do 'glamour'
Cedo ou bem tarde perde as calças
É como pisar em brasas só descalço
Queima e dói do pé ao calcanhar
É como ir do ópio a outro narcótico
Viver no mundo do psicotrópico
Dos remédios... Aos barbitúricos
A tentar conter a doença da alma
Transmutada, transcende, deságua
No universo perdido das drogas
É o passo do descompasso... Decadência!
E logo ela que era assim tão deslumbrante
Caiu no enredo da rede dos delinqüentes
Trocou o amor puro pelo fulgor delirante
Agora nem mais inspira um ser fulgurante
A rainha falecida dos sonhos distantes
Só perfila e desfila nostalgia... Triste mente
Pelos gestos prostituídos e tão decaídos
Cobertos pelo manto de espírito possuído
Desgovernada... Virou um trapo humano
Pelas vestes chiques não se percebe as entranhas
Do que ali esconde no interior de suas façanhas
Só me resta vir pedir ao criador que se apiede
Dessa antes divina criatura e que agora padece
No que antes era o encanto do mais alto luxo
Só virou protótipo da subespécie do lixo
E do meio da urina... Desfez-se o mito
Puxei a descarga! Desinfetei o que sinto
Não estou mais sob o seu fascínio e só digo...
Como sofre e é pobre essa loucura existente.
Hildebrando Menezes
Nota: A droga a que me refiro é a loucura da vaidade.