"Violência Rimada" =Poesia sobre o, infelizmente, cotidiano=
Universitária fica paraplégica por causa de bala perdida
Avô estupra neta, filha, sobrinha e acaba sendo linchado
Garotinho de nove anos é espancado e morto em avenida
Morto a tiros, por engano, dentista negro recém formado
Esquartejada uma empresária após pagamento do resgate
Queimado com gasolina o mendigo que na praça dormia
Freira estrangeira, anciã, teve a sua morte encomendada
Os bandidos comemoram com churrascada nova artilharia
Menino de sete anos é arrastado pelo cinto de segurança
Garotinha é morta pela madrasta e pelo pai é defenestrada
Prostituta espanca a babá e não livra a cara de sua criança
Moça gera filhos do próprio pai depois de décadas trancada
Enfermeira filmada enquanto infligia maus tratos a velhinho
Babá espanca criança sob seus cuidados até quase a morte
Patroa fere empregadinha com alicate e alega ser carinho
Recém nascido resgatado na lagoa; a mãe não teve sorte
Polícia atira primeiro, a esmo, para só bem depois verificar
Se acertou inocentes ou bandidos, pois não podia escolher
É apenas questão de segurança: importa primeiro acertar
Se é criminoso ou não, é coisa para qualquer hora se saber
Por questão de dívida uma família é brutalmente dizimada
As crianças também são executadas; viram “arquivo morto”
A mais nova, recém nascida, podia resolver não ficar calada
Sem testemunhas, para os assassinos há bem mais conforto
As fracas rimas do feio texto acima são um efêmero protesto
Que nada modificará a violência do mundo em que vivemos
São apenas para concluir que viramos lixo, viramos só resto
Consideração, respeito por nossas vidas, já não merecemos
Quem merece proteção e cuidados são os pobres bandidos
Aqueles pobres coitados que vivem sem uma boa orientação
Eles sim, merecem ser sempre bem guardados e protegidos
Para que se tornem um dia a grande maioria desta nação