PALINÓDIA

Eis o sonho do poeta.

Rosas bailando prelúdios.

Musas de cabelos azuis

e lábios de veludo vermelho,

entoam nênias.

Não há a degradação de donzelas,

todas são virtuosas e belas.

O espúrio existir de fracassos,

ficou apagado;

foi um só segundo,

dormiu no passado.

O sonho do poeta é quase real...

Sua musa existe,

de cabelo amarelo,

olhos azuis, boca entreaberta,

lábios vermelhos

em busca do ósculo amado.

O poeta acorda, eis o tremedal...

vida vazia,

gente vaga,

dia após dia,

guerra se deflagra.

Mundana vadia,

sorri por vintém;

foi pura um dia,

hoje, não é de ninguém.

Ah poeta!... não devias nunca ter acordado;

assim em teu sonho, não sentirias nunca

a angústia deste mundo desgraçado.