UM POEMA

Eu tento ocultar meus segredos

Tento fingir que minha vida tem sentido

E que meu futuro é cognoscível

Eu invento maneiras de me ocultar

Atrás daquilo que não existe

Que invento

Tento fingir que sou alegre

E que não preciso constantemente de companhia

E que sinto prazer nesta solidão medonha

Tento evitar aquilo que sei que é inevitável

Pois o destino é incontestável

E, por mais que eu negue,

O meu fado é imutável

Tento dissimular uma esperança

Pintada a aquarela

Uma esperança azul nímio

Azul enjoado

Azul abstrato

A esperança é algo que inventamos

Para adiar o dia da aflição

O dia em que “cai a ficha”.

É só uma enganação

Só serve para encobrir

As feições angustiadas

Exteriormente

Mas nós sabemos que não estamos bem

E insistimos, muita vez, em estar

Ah! Que basbaquice!

Que tolice!

Eu quereria ser assim:

Se estou triste, vou olhar triste para as pessoas

Para que elas saibam meu verdadeiro estado

E, se alegre, vou sorrir para elas

Haha!

Mas as cousas nem sempre são como queremos

E muita vez, temos que dissimular por necessidade

Vital

Mas, e bem, já vou logo terminar este poema

Porque está me dando enojo

E, como agora já estou melhor,

Deixo-o para qualquer desocupado

Que esteja disposto a lê-lo.

Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira
Enviado por Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira em 23/03/2009
Código do texto: T1501750
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.