Enquanto isso, a natureza
Segue o rio ao encontro do mar,
À procura do marinheiro
Que procura por um companheiro
Difícil de se encontrar.
E, mesmo com essa incerteza,
Ruma certa a natureza.
Sou o rio, sigo meio sem jeito
O caminho que a mim é proposto.
À procura de um único rosto,
Seu rosto marcado em meu peito.
E, enquanto procuro essa riqueza,
Indiferente fica a natureza.
Sou um marinheiro e procuro
Algo difícil de se encontrar:
Alguém em quem possa confiar
O que no coração há de mais puro.
E, mesmo não achando essa realeza,
Viva e forte vai a natureza.
Que luta travo no coração!
Na sanha de abafar o sentimento,
Percebo que quanto mais eu tento
Maior se torna essa paixão.
E, mesmo ruindo a fortaleza,
Continua seu ciclo a natureza.
Aproveitei a calmaria para lembrar
Que ainda está limpo e intacto
Aquele lugar reservado em meu peito
E que a chave
Está em suas mãos...
Sigo o rio na esperança
De encontrá-la, senhora-mar.
E quando essa chuva acabar
Chegará, enfim a bonança.
E, enquanto estou na tristeza,
Consola-me bem a natureza.