Hei

Calo-me aos chicotes da vida.
Ser como sou... Sem ter sido.
Tenho só vontade,
desejo de massacrar,
pisotear meu semelhante,
desgastar o belo, semeando maldade.
Fico apenas no simbolismo,
sou neutro, incapaz para erosões
torpes e profundas.
Sei que vou morrer assim,
feito de nada,
um objeto que invejou as plantas
vegetando entre seres agrestes,
apanhando para aprender,
aprendendo para apanhar.
Mas, hei de deixar lamentações
neste rastro de ficções ideológicas.
Bem tarde serei interpretado,
tudo será consumido pelo tempo,
apenas uma gota a mais no que ficou,
no nada que deixei semeado.