RESTOS!
Como ondas na vazante da maré,
Sem força e beleza vejo minha vida.
A lua cheia encoberta pelas nuvens,
Os meus olhos por oceano de lágrimas.
Como rosa, que se despetala ao ser colhida,
Meus sentimentos se esvaem pelos poros.
Meu sorriso se apagou assim como o sol
Que se escondeu por de trás da tempestade.
Meu arco-íris se vestiu de escala cinza.
Minhas páginas em desordem brancas,
Suas entrelinhas foram apagadas,
Nas linhas não há sinais de escrita.
Meus pés vacilam em corda bamba,
Estou em pleno desequilíbrio.
Não me reflito no espelho,
Tão pouco o que sinto e penso.
Nem se quer vejo minha sombra
Que costumava me acompanhar.
Não há brilho em meu olhar e
É noite escura em meu interior.
A alegria perdeu o sabor e
Meu sorriso o frescor, o viço.
A inspiração me abandonou,
A poesia sem sentido ficou...
Como livro sem capa, estou.
Meu canto silenciou
Qual pássaro tristonho
Que se esqueceu de voar.
Colcha de retalhos a se rasgar
Em meu peito meu versar
Que perdeu o sentido
O lirismo, a sintonia.
E nem me importa a verdade
Se não consigo falar.
Lá fora o mundo gigante
Grita, agita revolta, explode.
Aqui sou pouco do quase nada que restou!