Neve
Quando a última folha soltar,
pode machucar, pode não machucar
Quando o branco limpo cobrir as ruas,
o corpo gelado despertará
e a vida comerá a morte.
Neve, sangue de prata.
Ele é o ódio das veias humanas.
Neve, sangue de gato.
As montanhas anunciaram o sol.
Pode queimar, pode não queimar.
Mas o pico da dura roxa virará água
e derramará o pranto na terra.
O fogo das armas que matam corações
deixarão só as folhas secas de outono.
Neve, sangue de gelo.
Ele é o ódio das veias humanas.
Neve, sangue de urtiga.
O grito da criança anunciará a dor.
Pode adiantar, pode não adiantar.
A reza do padre anunciará o pedido
dos perdões antes esquecidos.
Passo a passo e tiro a tiro
eu procuro ver o céu atrás das nuvens,
mas, o que cega meus olhos no momento
são os pingos da paz quebrada!
Neve, sangue de cristal.
Ele é o ódio das veias humanas,
o veneno nos cachos do anjo.
Neve, sangue de culpa.
Ele é o ódio das montanhas frias.
Neve, sangue de homem.