Olhar cinza
Tenho um olhar triste
Quando paro para fitar o mundo
E uma sensação que insiste,
Qual se velasse um moribundo
Este sentimento não é inspirado
Nos românticos de outrora,
Nem é pela fé amparado
É a ciência quem manda agora
O mundo que se vê
É um mundo que se encera
E tudo que se possa querer
Agora é esperança mera
Não digo de religião,
De apocalipse não profetizo
Já que não se põe em xeque a razão
Em meu ateu juízo
Ao desespero do amor
Outros viram cinza a realidade
Eu não nego desta cor
Ser a rubrica da verdade
Mas seu motivo é além,
Não é por partidos corações
Que o povo será ninguém
São os passos das civilizações
Que se arrastam para o nada.
É uma universal comoção
Que leva à estrada
Da certa extinção.