Pesar de um cavaleiro
Não sei porque me condenas,
Tu sabes de minha estória?
Pensas que eu matei apenas
Pra conquistar fama e glória?
Tu dizes que eu sou culpado
Por matar muita gente de bem
Não sabes que eu fui mandado,
Que eu cumpria a ordem de alguém?
Matei...matei muita gente.
Em mares de sangue eu nadei.
Mas a cada morte pesava a mente
E em mares de sangue me afoguei.
Os choros e gritos em meus ouvidos
Entram como lanças no coração.
Pensamentos que nunca foram esquecidos
Atos de coragem...foi tudo em vão...
Mas à noite, em pleno deserto,
Em frente à fogueira me sentava.
Não havia viv’alma por ali perto.
Então, sozinho, é que eu chorava.
"- Perdão, meu Deus, porque pequei!
Porque nunca perdoei ninguém.
Perdão, meu Deus, porque matei!
Acaba com o mal: mata-me também!
"- Porque se eu não morrer agora,
Se amanhã eu acordar
Volto a andar por aí afora
E, sem escolha, continuo a matar.
"- Mas peço, num último desatino:
Livra-me, Deus, de meu destino!"
... E o vento cortante passou ligeiro pelo descampado...