Perdoa este ser que para você morreu.

Dirija-me teu olhar, ainda que seja pela última vez e me perdoe.

Perdoe-me os dias em que vivi muito perto de você fisicamente mas a uma distancia de milhões de anos luz.

Perdoe-me a minha intolerância e meu gênio mal.

Perdoe-me por deixá-la esperando nas altas horas da noite com seu coração aflito e um medo imensurável de me perder.

Perdoe-me o desprezo e a solidão que lhe dei.

Perdoe-me não estar presente quando você precisava de mim.

Perdoe-me os dias em que não notei seu penteado novo e não visualizei em você o amor que me deu.

Perdoe-me quando provei do prato especial que você fez só para mim, e eu não comentei.

Perdoe-me por deixar um abismo se abrir entre eu e você.

Eu não queria isso, Não era para ser assim.

Perdoe-me.

Perdoe-me quando eu cego da razão fugi no meio da noite, procurando um sonho que já não era meu.

Perdoe-me as marcas impagáveis da dor que deixei no seu semblante.

Perdoe-me o medo que lhe causei. Nada disso era para ter acontecido.

Perdoe-me pelas viagens que não te levei e pelos presentes que não te dei.

Perdoe-me por não compartilhar com você as fofocas da televisão e as boas novas da família (casamento, aniversário, confraternização).

Perdoe-me por estar sempre desligado, alheado, absurdo, lógico e sem razão.

Perdoe-me por não mostrar a estrela cadente e da rosa o botão.

Perdoe-me por não te acordar de madrugada e te levar na alvorada para caminhar e ver o sol nascer.

Perdoe-me o meu silencio, o enervante silencio que me acometeu.

Perdoe-me, eu não sei o que foi que me aconteceu. Isto não estava planejado. Não era sinceramente para ser assim.

Perdoa esse ser que para você morreu. Perdoa. Perdoe-me.

Guilhermino
Enviado por Guilhermino em 27/02/2009
Código do texto: T1460681
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