Escala Poética Musical

Dó:

Todo o tempo em que estive consigo

Jamais desejei que tivesse pena,

Que lamentasse eu ser doente e só.

Mas agora, rocio doce, brisa amena,

Estou cansado, abandonado, sem abrigo

E peço, e suplico: tenha dó!

Ré:

Faria um versinho, bonito até,

Falando de coisas legais.

Talvez eu não sofresse mais

O revez de andar de marcha-a-ré.

Mas pudessem meus versos serem mais trabalhados,

Menos infantis e mais maduros em sua concepção!

Se os versos de minha vida fossem melhor elaborados

Não daria meia-volta, retornando à solidão...

Mi:

E durante tantos problemas e desventuras,

O que me sobra é recorrer a ti!

Amiga, sempre pronta e que sempre me aturas.

- Chorar tem de ser no ombro da Mi! -

Fá:

Dediquei uma fração de minha vida, seis meses, para tentar mudar tantos anos. Sinto que estraguei tudo e agora pergunto: o que fazer?

Musa! Que foi que fizeste?

Mi'a vida é péssima, é má!

Que faz agora o poeta?

Adesso, Il poeta come fa?

Sol:

Este se apagou...

Lá:

Realmente é longe para onde vai o pensamento...

Na praia, onde meu inferno começou

Voa, pensamento! Xô, idéias tolas!

Parem de me seguir aonde quer que eu vá!

Da praia, onde meu sonho terminou,

Saio com minha vida e olhe lá!

Si:

Calma aí...

Estou enganado ou disse que era feliz mesmo não sendo feliz?

Quando disse que me amava era verdade ou estava se enganando?

Eu acreditei em tudo... tudo mesmo...

O fato é que agora este ponto final

Ficou entalado, difícil, maldito

Causou-me tristeza, causou-me o mal.

O que vou fazer se não acredito?

O que vou fazer, se hoje fico aqui

Torcendo, rezando, soltando um grito,

Esperando que em breve você caia em si.

Dó:

Tudo o que escrevi sombriamente, pessimamente, neste poema, agora deve ser repetido, contando-se uma oitava acima. Subindo na escala.

Que eu não mais escalo, apenas me esfolo, desço, desfaleço.

Esperando pela convalescência...

... Ou pelo estado terminal.