FLORES MURCHAS
Vieste colher as flores
Que mal plantadas havias
Num solo que não nutrias
Nem de regas, nem de amores.
Não sabias do jardim
E se o tempo era propício
Se estava em solstício
O teu sol que havia em mim.
O adubo que me deste
Era fraco e mal me fez
Tua rega, uma por mês!
Sem raízes me fizeste.
Tantas vezes demonstrei
Tua falta de cuidado
E com o caule dobrado
Aos teus pés ajoelhei...!
De olores, inodora
Não atraio um beija-flor!
Se sou cravo, ou o que for...
Sou uma flor que se deflora.
Vieste colher as flores
Rosas, dálias, margaridas
Flores murchas, mal nutridas
Flores tristes, incolores...
No teu vaso de papel
Sem suporte e sem reserva
Ora exibes uma erva
Recolhida do rastel.