Amor que chora o carnaval...

Cinzas...

Recolho-me ao que virou pó

Assim um carnaval de amor

Dura pouca, deixa marcas...

Ao cair das máscaras rostos

Olhos abertos ao beijo

Corações fechados ao amor

Guardam-se fantasias

Na avenida confetes ao chão

Nas margens ilusões

Faço-me mendiga

Serpentinas envolvem

De veneno corpo

O bloco não passa

Elocuções ao léu

Sobem na mesa

Será a quarta talvez a quinta?

Quem sabe mais que cinzas?

Três dias de esperanças

A ultima que morre se é que vive ainda...

Não fui diva no carnaval

Não pintei e não sei bordar

Na folia não caí

A escola passou e eu não aprendi...

A música atravessou

Meu coração em descompasse

Meu sorriso Pierro

Em minha alma Arlequim

Fiz-me Colombina

Serva fiel do amor

De humor rápido e irônico

Fez-se na carne festa

Fartou-se brincou

Na apuração o gozo

Sob Flor-do-paraíso

Meu corpo ao seu flamejante

Em seguida! Se foi mais um

Carnaval...

Não só de palavras

Mas repleto de atos

Segredados na essência

Que entremeia carne e espírito

Entre livros e merendas

Na beleza da máscara

Fui folia que não brincou

Apenas sonhou

E nesse carnaval fantasiou

Por trás de todo disfarce

Olhos tristes, sorrisos pintados

A festa só acabou a citação reinou

Amor que chora o carnaval...

(A escola passa, no bloco tropeço e a vida continua.)

Flor de Laranjeira

Flor de Laranjeira
Enviado por Flor de Laranjeira em 25/02/2009
Reeditado em 10/01/2010
Código do texto: T1456624
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