Amor que chora o carnaval...
Cinzas...
Recolho-me ao que virou pó
Assim um carnaval de amor
Dura pouca, deixa marcas...
Ao cair das máscaras rostos
Olhos abertos ao beijo
Corações fechados ao amor
Guardam-se fantasias
Na avenida confetes ao chão
Nas margens ilusões
Faço-me mendiga
Serpentinas envolvem
De veneno corpo
O bloco não passa
Elocuções ao léu
Sobem na mesa
Será a quarta talvez a quinta?
Quem sabe mais que cinzas?
Três dias de esperanças
A ultima que morre se é que vive ainda...
Não fui diva no carnaval
Não pintei e não sei bordar
Na folia não caí
A escola passou e eu não aprendi...
A música atravessou
Meu coração em descompasse
Meu sorriso Pierro
Em minha alma Arlequim
Fiz-me Colombina
Serva fiel do amor
De humor rápido e irônico
Fez-se na carne festa
Fartou-se brincou
Na apuração o gozo
Sob Flor-do-paraíso
Meu corpo ao seu flamejante
Em seguida! Se foi mais um
Carnaval...
Não só de palavras
Mas repleto de atos
Segredados na essência
Que entremeia carne e espírito
Entre livros e merendas
Na beleza da máscara
Fui folia que não brincou
Apenas sonhou
E nesse carnaval fantasiou
Por trás de todo disfarce
Olhos tristes, sorrisos pintados
A festa só acabou a citação reinou
Amor que chora o carnaval...
(A escola passa, no bloco tropeço e a vida continua.)
Flor de Laranjeira