TORMENTO
Eu fui inepto perante o aparato de teu fascínio indutor;
Fui leniente com o dissabor ao me entregar para o destino infausto;
Pífio e mesmo incauto, fui exequível à mais aguda dor;
Desestabilizador do homem bom que sou, por não fugir do seduzir nefasto!
Eu fui enaltecido pelo escárnio da desestrutura;
E tomei posse de uma investidura que tanto me desmereceu;
Reles plebeu na dinastia inexorável de minha tortura;
Embaixador de toda agrura, eu fui além do que a fértil amargura um já concebeu!
O ônus do percalço é o fotolito de minha própria caricatura;
Sinto meus passos sobre fervura, sinto meus olhos sob fuligem;
Como um bastardo sem origem e um condenado enjeitado pela clausura;
O extrato neutro da mistura dos mares de loucura que me afligem!
Numa assertiva promissora de alívio, eu só preciso me assegurar;
Se sou esse fantasma a me assombrar, é hora de enfrentar meu perecer;
Já não há meios de retroceder e a única saída é avançar;
Quisera ser capaz de me amar, quisera ser possível te esquecer!