NAQUELA ESCOLA DE SAMBA
Ele era o José, o Zézinho da cuíca.
Ela a Maria, formosa porta-bandeira.
E aquelas velhas beatas na futrica
caluniavam, sem dó, a favela inteira.
José era bom, não lhe via pessoalmente
e igual a ela não havia mais honesta,
para o sustento, lavava roupa, contente,
pensando só em beijar o João, na festa.
João? Era o afamado João do pandeiro,
a grande e única paixão da Maria.
Amor puro e fiel, toda a Escola sabia.
Os tres respeitados, pelo morro inteiro.
Mas, certo dia, aos ouvidos do João
chegou um boato, como cobra vil,
que enganou e feriu o seu coração,
com aquele punhal do ciúme ardil.
Daquela noite a tragédia não passaria.
O corpo do José logo seria encontrado,
abandonado com uma navalha ao lado
e, pela ladeira, o seu sangue corria.
As beatas, que tanta culpa sentiam,
correram logo ao barraco da Maria,
mas, ao invés do perdão, encontrariam
o resultado final daquela tragédia.
Culpa por dois corpos caídos no chão,
aumentando de vez sua condenação.
Maria ainda tinha um bilhete na mão,
bilhete declarando seu amor por João.
SP. 21/02/09