ELE
Quem é ele?
Não sei. Nem mesmo penso que um dia eu soube.
Sei que ele costumava a sorrir abertamente
mas tão raro quanto auroras boreais.
Sei que eu o via feliz às vezes,
escondendo nos olhos cansados algo
que misteriosamente não lhe cabia.
Sei também que ele amou mais
do que lhe fôra permitido amar
E pela sua expressão agora,
provavelmente ainda ame mais ainda.
Lembro que ele tinha uma ternura nos gestos
e uma ânsia de transformá-los em palavras
que por vezes declamava poemas
que nunca seriam escritos.
Ele era um menino, sorrateiro a roubar uma flor
passava por todos despercebido
pra entregá-la ao seu amor.
Aí sim eu o via feliz, ao ver o sorriso
nos olhos de sua amada,
mais criança ainda ele se tornava.
Já não sei mais quem é ele
se ainda há alguma vontade naquele peito
além de apagar a imagem ali refletida.
Não me reconheço mais
nem diante do espelho
aquele que vejo hoje
é só uma imagem projetada
sem nenhum viço ou desejo
é só um esboço mal feito
do que eu era diante do teu beijo.
Quem é ele?
Não sei. Nem mesmo penso que um dia eu soube.
Sei que ele costumava a sorrir abertamente
mas tão raro quanto auroras boreais.
Sei que eu o via feliz às vezes,
escondendo nos olhos cansados algo
que misteriosamente não lhe cabia.
Sei também que ele amou mais
do que lhe fôra permitido amar
E pela sua expressão agora,
provavelmente ainda ame mais ainda.
Lembro que ele tinha uma ternura nos gestos
e uma ânsia de transformá-los em palavras
que por vezes declamava poemas
que nunca seriam escritos.
Ele era um menino, sorrateiro a roubar uma flor
passava por todos despercebido
pra entregá-la ao seu amor.
Aí sim eu o via feliz, ao ver o sorriso
nos olhos de sua amada,
mais criança ainda ele se tornava.
Já não sei mais quem é ele
se ainda há alguma vontade naquele peito
além de apagar a imagem ali refletida.
Não me reconheço mais
nem diante do espelho
aquele que vejo hoje
é só uma imagem projetada
sem nenhum viço ou desejo
é só um esboço mal feito
do que eu era diante do teu beijo.