AMOR DESENGANADO
Se não me ama quem recebe a plenitude de meu peito;
Com quem divido não somente o leito, mas também a própria vida;
Se já não sou metade preferida por quem eu tudo tenho feito;
Se quem eu amo é um ser insatisfeito, a minha casa já está ruída!
Se os alicerces dessa casa tornaram-se frangalhos de ilusão;
E não há mais fascinação onde persiste unicamente o discurso;
Se é forçado o tolerado curso e não deságua mais o rio na paixão;
Se a boca que diz sim desejaria dizer não, então meu coração já foi expulso!
Se o prazer do amor que é feito só é perfeito para mim;
Se quem desejo torce pelo fim e não me ama de um modo convincente;
E o seu pensar me faz ausente, e o meu sabor lhe é ruim;
Há de ser crer que é chegado o estopim e a relação está convalescente!
E a dúvida pranteia aos pés tão óbvios desses sintomas;
Que a alma repleta de hematomas, percebe um adeus no limiar;
Com quem será que meu amor despertará desse traumático coma?
Quem quebrará suas redomas e dessa morte lhe ressuscitará?