AMOR DESENGANADO

Se não me ama quem recebe a plenitude de meu peito;

Com quem divido não somente o leito, mas também a própria vida;

Se já não sou metade preferida por quem eu tudo tenho feito;

Se quem eu amo é um ser insatisfeito, a minha casa já está ruída!

Se os alicerces dessa casa tornaram-se frangalhos de ilusão;

E não há mais fascinação onde persiste unicamente o discurso;

Se é forçado o tolerado curso e não deságua mais o rio na paixão;

Se a boca que diz sim desejaria dizer não, então meu coração já foi expulso!

Se o prazer do amor que é feito só é perfeito para mim;

Se quem desejo torce pelo fim e não me ama de um modo convincente;

E o seu pensar me faz ausente, e o meu sabor lhe é ruim;

Há de ser crer que é chegado o estopim e a relação está convalescente!

E a dúvida pranteia aos pés tão óbvios desses sintomas;

Que a alma repleta de hematomas, percebe um adeus no limiar;

Com quem será que meu amor despertará desse traumático coma?

Quem quebrará suas redomas e dessa morte lhe ressuscitará?

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 13/02/2009
Código do texto: T1437373
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