ratoeira

por favor,

eu peço,

eu imploro

eu lhe rogo mil vezes

esperando uma resposta

esperando um aceno

esperando alguma expressão

na sua face

e, tudo que me ofereces

é indiferença

é olhar oblíquo de gitano

a esperar ciganamente pela sorte

pelo corte,

pela morte,

ou pelo mote

que me identifique

por favor,

por caridade,

por misericórdia,

não faça isso

não faça aquilo

simplesmente, não faça

não mate deliberadamente

meus sentimentos,

minha alma

o que vou fazer

com esse corpo inútil?

o que vou fazer

com os sons das palavras

a embalar ilusões,

mentiras ou

impropérios...

o que fazer com enorme silêncio

que há exatamente entre as mãos

nesse hiato

macabro e secreto

que o fazer?

apenas pedir em silêncio

e rezando

para não morrer

e, para não esquecer de amar.

Sob a mira de seu olhar míope e impiedoso

Sentido-me um rato morto

pego pela ratoeira.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/02/2009
Reeditado em 12/02/2009
Código do texto: T1435412
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