O ALVO DO FIM
Por esse amor eu fiz o que ninguém faria;
Venci a minha própria covardia, a ponto de inventar inexistências;
Paguei as mais cruéis penitências, extrapolei a exagerada demasia;
Fui aonde nem a loucura iria, cumpri todas as sentenças!
Por esse amor eu fui capaz de alterar limites de fronteiras;
Saltei mortais barreiras, corri e até voei incansavelmente;
Uni o racional com o inconsequente, me equilibrei em abismais beiras;
Nem mesmo os temores e incertezas desconcentraram minha mente!
Por esse amor fui cumpridor além do que eu prometi;
Guerreei, ganhei, perdi - mas nunca abaixei a guarda;
Venci oposições no fio de minha espada, chorei e sorri;
Perdoei e transigi, ofereci meus ombros à insuportável carga!
Por esse amor eu fiz o que esse amor não fez por mim;
Doei meu líquido carmesim, mirei sem dó no meu cansaço;
Mas eis que agora me desfaço, dilacerado aos pés do fim;
Aquele amor que tanto amei assim tornou-se o meu maior fracasso!