A SINFONIA DO ADEUS

Violinos calados, cordas mudas: a sinfonia terminou!

Com a mesma intensidade em que despontou, bradou um adeus inesperado;

Deixando um coração despedaçado, emudecendo o sonho que gritou;

E preferindo os ninhos do pudor, fugiu do seu pecado!

Fugiu da insegurança que dividia suas margens opostas;

Aqui lacunas de paixão dispostas, e ali valores de moralidade;

Pressão nos ombros da serenidade a exigir racionais respostas;

Não investiu ou fez apostas, matou as notas e amordaçou a musicalidade!

E a saudade já não será mais premiada com a canção aveludada das manhãs;

Suas mordidas nas maçãs foram vencidas pela política da correção;

Covardia perante a tentação em nome da manutenção de consciências sãs;

E os proibidos sabores de avelãs deram lugar à preferível solidão!

Calem-se, portanto, todos os versos dessa inspirada ode;

Lágrimas apaguem cada estrofe, pois a semente não vingou;

O beijo pretendido e que não se consumou, agora já nem pode;

Palco vazio e indiferença que nem se comove - a sinfonia terminou!

"Acabou, mas é eterno!" (Reinaldo Ribeiro)

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 09/02/2009
Reeditado em 10/02/2009
Código do texto: T1430189
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