A SINFONIA DO ADEUS
Violinos calados, cordas mudas: a sinfonia terminou!
Com a mesma intensidade em que despontou, bradou um adeus inesperado;
Deixando um coração despedaçado, emudecendo o sonho que gritou;
E preferindo os ninhos do pudor, fugiu do seu pecado!
Fugiu da insegurança que dividia suas margens opostas;
Aqui lacunas de paixão dispostas, e ali valores de moralidade;
Pressão nos ombros da serenidade a exigir racionais respostas;
Não investiu ou fez apostas, matou as notas e amordaçou a musicalidade!
E a saudade já não será mais premiada com a canção aveludada das manhãs;
Suas mordidas nas maçãs foram vencidas pela política da correção;
Covardia perante a tentação em nome da manutenção de consciências sãs;
E os proibidos sabores de avelãs deram lugar à preferível solidão!
Calem-se, portanto, todos os versos dessa inspirada ode;
Lágrimas apaguem cada estrofe, pois a semente não vingou;
O beijo pretendido e que não se consumou, agora já nem pode;
Palco vazio e indiferença que nem se comove - a sinfonia terminou!
"Acabou, mas é eterno!" (Reinaldo Ribeiro)