Presságio
Ao avesso,
Tão subversivo eu enlouqueço
Anarquizo e emudeço
Silencio em mim o tolo apreço
Pelo sentimento mais traiçoeiro.
Então me perco
Esvaziando meu mundo
Dilacerando a mim mesmo
Quando escapam das minhas mãos
O tempo e o doce segredo,
O entrelaçar do egoísmo
E seus delicados dedos,
Um ano outrora bem-vindo
Se torna outorgado ódio
A mim mesmo.
Até o convexo entretido,
Se diverte distorcido,
E zombaria ri de mim,
Mesmo quando escondido
Em um espelho feminino
Ou em lascivo manequim
Surge então a prudência
Da esperança perdida,
De desistência e falência,
Da miséria e da consciência,
Da noite já esquecida,
De quem há muito já não sorri,
Sem ares de sutil decadência
Me traz ao fracasso,
Não passo de um obscuro presságio,
E até o egoísmo mais frágil
Se impôs a êxito fadar.