Presságio

Ao avesso,

Tão subversivo eu enlouqueço

Anarquizo e emudeço

Silencio em mim o tolo apreço

Pelo sentimento mais traiçoeiro.

Então me perco

Esvaziando meu mundo

Dilacerando a mim mesmo

Quando escapam das minhas mãos

O tempo e o doce segredo,

O entrelaçar do egoísmo

E seus delicados dedos,

Um ano outrora bem-vindo

Se torna outorgado ódio

A mim mesmo.

Até o convexo entretido,

Se diverte distorcido,

E zombaria ri de mim,

Mesmo quando escondido

Em um espelho feminino

Ou em lascivo manequim

Surge então a prudência

Da esperança perdida,

De desistência e falência,

Da miséria e da consciência,

Da noite já esquecida,

De quem há muito já não sorri,

Sem ares de sutil decadência

Me traz ao fracasso,

Não passo de um obscuro presságio,

E até o egoísmo mais frágil

Se impôs a êxito fadar.

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 01/02/2009
Código do texto: T1415963