MOVIDO POR AMOR
Daqui me avisto a caminhar e do alto de mim mesmo eu me analiso;
Uma resposta eu viso, um modo lógico e convincente de me interpretar;
Esse mergulho no magoar, esse protesto que infesta o desaviso;
Diz que eu não me preciso, mas não sou liso a ponto de me desvencilhar!
Então eu ando comungando enquanto ela simplesmente me profana;
Mantenho acesa a chama pra receber tamanho escárnio sombreado;
Sigo avançando determinado, ela simula, mas se engana;
O meu desejo clama, porém o ramo ressequido ignora meu orvalho!
A minha mão que é estendida anda ferida pelas lanças da solidão;
Meu porto é sua estação, mas não consigo ancorar por seus anelos;
Meus verdes campos ficaram pálidos e amarelos, porque me nega irrigação;
Sou eu torrencial inundação, bebendo gotas de desnutrição: os meus flagelos!
Na minha estranha forma de lutar eu faço o bem por cada mal que me aflige;
Carrego um estandarte e uma efígie, travo o necessário com destemor;
Em meio a tantos cálices de horror, há um favor que ainda me exige;
Pois a energia que me dirige é uma combinação de perdão e amor!