MOVIDO POR AMOR

Daqui me avisto a caminhar e do alto de mim mesmo eu me analiso;

Uma resposta eu viso, um modo lógico e convincente de me interpretar;

Esse mergulho no magoar, esse protesto que infesta o desaviso;

Diz que eu não me preciso, mas não sou liso a ponto de me desvencilhar!

Então eu ando comungando enquanto ela simplesmente me profana;

Mantenho acesa a chama pra receber tamanho escárnio sombreado;

Sigo avançando determinado, ela simula, mas se engana;

O meu desejo clama, porém o ramo ressequido ignora meu orvalho!

A minha mão que é estendida anda ferida pelas lanças da solidão;

Meu porto é sua estação, mas não consigo ancorar por seus anelos;

Meus verdes campos ficaram pálidos e amarelos, porque me nega irrigação;

Sou eu torrencial inundação, bebendo gotas de desnutrição: os meus flagelos!

Na minha estranha forma de lutar eu faço o bem por cada mal que me aflige;

Carrego um estandarte e uma efígie, travo o necessário com destemor;

Em meio a tantos cálices de horror, há um favor que ainda me exige;

Pois a energia que me dirige é uma combinação de perdão e amor!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 28/01/2009
Código do texto: T1408864
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