Bóia Fria
Bóia Fria
Os raios do pôr do sol beijam faceiros
A grama verdejante e úmida do campo
Onde os pés incertos deixaram marcas
Sob o azul do céu, sem uma nuvem sequer
Destoando do sorriso na face da mulher
Cuja alma triste enobrece com seu canto
As lidas do dia-a-dia ceifando o canavial.
Bóia fria vagando num mundo cinzento
Pele envelhecida, precocemente enrugada...
Silhueta curvada insultando a idade
Mais parece um filme mudo, sem estilo próprio
Pobremente revestido pelas sombras do caminho
Sem a graciosidade das cores nos capítulos da vida
Segue assim rumo ao nada, sem sonhos ao alvorecer...
Não mais existe a leveza de uma garça planando
Seus passos, hoje pesam, equilibrando valentemente
Um corpo alquebrado pelo peso da labuta
Num flagelo ímpar onde o tempo é o algoz
Que destroça as esperanças num golpe fatal
Nesse romance macabro vivido por uma alma
Parecendo um botão de rosa que feneceu
Antes mesmo de nascer.
NORMA BÁRBARA