Bóia Fria

Bóia Fria

Os raios do pôr do sol beijam faceiros

A grama verdejante e úmida do campo

Onde os pés incertos deixaram marcas

Sob o azul do céu, sem uma nuvem sequer

Destoando do sorriso na face da mulher

Cuja alma triste enobrece com seu canto

As lidas do dia-a-dia ceifando o canavial.

Bóia fria vagando num mundo cinzento

Pele envelhecida, precocemente enrugada...

Silhueta curvada insultando a idade

Mais parece um filme mudo, sem estilo próprio

Pobremente revestido pelas sombras do caminho

Sem a graciosidade das cores nos capítulos da vida

Segue assim rumo ao nada, sem sonhos ao alvorecer...

Não mais existe a leveza de uma garça planando

Seus passos, hoje pesam, equilibrando valentemente

Um corpo alquebrado pelo peso da labuta

Num flagelo ímpar onde o tempo é o algoz

Que destroça as esperanças num golpe fatal

Nesse romance macabro vivido por uma alma

Parecendo um botão de rosa que feneceu

Antes mesmo de nascer.

NORMA BÁRBARA

Norma Bárbara
Enviado por Norma Bárbara em 24/01/2009
Código do texto: T1401881
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