LIRA TRISTE

tento há muito despir-me

tirar como óleo impregnado

as carrancas de taciturno

tento fugir dos becos

dos loucos das loucuras

ver horizontes tardes mansas

curtir sorrisos inocentes de crianças

escrever e descrever sobre a luz

olhar a imensidão cimo das montanhas

meu eu em brigas com seus humores

desprazeres que insistem a incomodar

trevas obscuras em minha tela colorida

lembranças de dores inesquecidas

brasas ocultas mas vivas

de volta retorno minhas escritas

resvalo de soslaio meus labirintos

sem saídas atordoam os sentidos

macambúzio recupero as mazelas

e uno minhas lástimas

com as dores do mundo

em enxurradas de lágrimas

canto minha lira

sofrida indignada

tão triste...