Litania ao Outono
Nem todas as folhas caíram.
Ainda há sombra que me aguarde
Neste fim de tarde.
O tapete vegetal inacabado
Sugere rastros e fugas melancólicas,
Embora nem esteja tão frio assim.
Talvez na alma.
É isto:
Chove na alma.
Por causa deste paraíso hospitaleiro,
estrangula-se o nó na garganta,
Liberta-se a prece que se repete,
Que se repete,
Que se repete,
Porque, só assim,
Faz-se eficaz.
Não me sinto vento
Nem palmeira,
Mas tenho meus murmúrios.
Segredos, não:
Teu silêncio desnuda
Todos os ícones funcionais,
Mesmo as conotações de profecia.
Por isso, quero a proteção
De transparência da janela,
Sempre que florescerem
As nuvens outonais.