O PERDEDOR DOS DIAMANTES DE AÇUCENA

Trânsfuga opaco fora o que sempre acabara sendo:

Desertor da sepultura da presença, mas continuamente preso á sua sombra;

Desertor auspicioso de afáveis paisagens,

Contudo, a todo momento, querendo me reencontrar

Com a concórdia que havia de mim proscrito

Quando perdi a direção da estrada que é o vetor para o achamento do seu destino;

Desertor de um abissal reposteiro sedoso de ideais singelos, augustos, sinuosos,

Estóicos,

[Oníricos,

Todavia, eternamente amargurado por ser vítima de ocasos primários

Da esperança e por não podê-lo seguir

Desde que vencesse os ardilosos sortilégios e a teimosa pujança dos descaminhos.

Por isso me perdoem, irmãos de sonho...

Por isso me perdoem, compatriotas da clorofila trigueira e de ébano...

Por isso me perdoe, arquipélago da quietude e da luz...

Por isso me perdoe, nação Cecém:

Perdoe-me, Rainha dos Lírios Brancos,

Por ser a catálise e o ourives da dolência;

Enfim, perdoe-me, Opala das florescências,

Por ser eu o Perdedor dos Diamantes de Açucena!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA