GAVETA DA MEMÓRIA

Sabe aquela viagem

Que levei na “bagagem” apenas o meu amor;

Que usei meus olhos como máquina fotográfica;

Guardando as fotografias com muito carinho,

Na “gaveta” da minha memória?

- Pois é!

Hoje resolvi abrir à respectiva...

E constatei, a duras penas, que todas as fotografias

Foram irremediavelmente estragadas...

Desfeitas...

- Ou, finalmente?

Nenhuma escapou da ação do tempo...

De início fiquei pasma.

Depois revoltada chorei a cântaros,

Xinguei o tempo e dei ponta pé no vento...

- Me acalmei!

Agora não sinto nada.

Nem saudade, nem tristeza,

Nem muito menos raiva.

A “gaveta” está intacta.

A máquina fotográfica, nem tanto!

Outra viagem sei que farei.

Desta feita sem enganos,

Nenhuma fotografia guardarei.