Devaneio
Já li Eliot, Drummond, Dante,
Vinicius, Guimarães... Byron,
E isso de nada importa
Pois estes não me ouvem, talvez,
Por eu não ser capaz de ouvi-los.
Se sou surda para eles, serão surdos para mim?
Mas, em todo caso, nós encontraremos algo,
Não aqui, claro, mas abaixo da terra,
Longe e distante dos vivos... - Ou não!
Pois poderemos estar nas bocas eternizados
Como a eterna neve do monte Fuji!
Ou simplesmente, sermos esquecidos como
As cinzas que titubeiam ao mar. - Por que não?
Sou eu que sofro... E tu sabes disso;
Mas sempre vês o meu sorrir devagar
Desconhecendo consciente a máscara que uso,
A única coisa que tenho é a tristeza.
Entretanto, não falarei mais de devaneios
Embora a realidade esteja sendo-me cruel...
As cadeiras gemem pr'eu me levantar,
As paredes rangem para desencostar...
E parece que somente assim sou algo!
Longe e insignificante...
Próxima sou apenas significado,
E sou melhor sem sentido e em solidão.