Devaneio

Já li Eliot, Drummond, Dante,

Vinicius, Guimarães... Byron,

E isso de nada importa

Pois estes não me ouvem, talvez,

Por eu não ser capaz de ouvi-los.

Se sou surda para eles, serão surdos para mim?

Mas, em todo caso, nós encontraremos algo,

Não aqui, claro, mas abaixo da terra,

Longe e distante dos vivos... - Ou não!

Pois poderemos estar nas bocas eternizados

Como a eterna neve do monte Fuji!

Ou simplesmente, sermos esquecidos como

As cinzas que titubeiam ao mar. - Por que não?

Sou eu que sofro... E tu sabes disso;

Mas sempre vês o meu sorrir devagar

Desconhecendo consciente a máscara que uso,

A única coisa que tenho é a tristeza.

Entretanto, não falarei mais de devaneios

Embora a realidade esteja sendo-me cruel...

As cadeiras gemem pr'eu me levantar,

As paredes rangem para desencostar...

E parece que somente assim sou algo!

Longe e insignificante...

Próxima sou apenas significado,

E sou melhor sem sentido e em solidão.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 13/01/2009
Reeditado em 15/01/2009
Código do texto: T1382816