FIORDE

Lancei meu espírito ao espaço etéreo

deixei de lado os amigos

as pessoas amadas

abusei do sexto sentido

desvendar algum mistério

que incomodavam a muito.

Investi toda energia acumulada

para se iludir na saudade

pensamento comprometido com o além,

e na mudança de florir os ambientes

por onde passava

fiquei escorado a uma árvore, dali não saí

até que o sol dissipasse as nuvens negras

que cobriam meu caminho.

Depois do espírito lançado ao vácuo

a profundeza das coisas ameaçavam

nevoas, vagas, incompreendidas e distantes

e por eu ser um ser excluído de lógica

não conseguia pensar bem

e esses vestígios do cansaço palavreado do desejo

essas sensações estranhas de nada ser

de nada ter, nada sentir

algo que não passasse de alguns minutos, instantes

pessoas que cercavam-me e não passavam de vultos

lutavam na busca da nitidez de meu olhar

disperso no vento

corpo inerte, frio, paralisado ao próprio tempo

com terror sensível aos grilhões do caminho

trajetória ansiando de amadurecimento

no Deus das representações oníricas

estando em prodigioso incêndio de si

espalhado nas profundezas dos vales

e guiado pelas chamas em todas as direções

desta terra negra empapada de sangue.

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 08/01/2009
Código do texto: T1373357
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