FIORDE
Lancei meu espírito ao espaço etéreo
deixei de lado os amigos
as pessoas amadas
abusei do sexto sentido
desvendar algum mistério
que incomodavam a muito.
Investi toda energia acumulada
para se iludir na saudade
pensamento comprometido com o além,
e na mudança de florir os ambientes
por onde passava
fiquei escorado a uma árvore, dali não saí
até que o sol dissipasse as nuvens negras
que cobriam meu caminho.
Depois do espírito lançado ao vácuo
a profundeza das coisas ameaçavam
nevoas, vagas, incompreendidas e distantes
e por eu ser um ser excluído de lógica
não conseguia pensar bem
e esses vestígios do cansaço palavreado do desejo
essas sensações estranhas de nada ser
de nada ter, nada sentir
algo que não passasse de alguns minutos, instantes
pessoas que cercavam-me e não passavam de vultos
lutavam na busca da nitidez de meu olhar
disperso no vento
corpo inerte, frio, paralisado ao próprio tempo
com terror sensível aos grilhões do caminho
trajetória ansiando de amadurecimento
no Deus das representações oníricas
estando em prodigioso incêndio de si
espalhado nas profundezas dos vales
e guiado pelas chamas em todas as direções
desta terra negra empapada de sangue.