Chorando aos pés do Menino
de Edson Gonçalves Ferreira
para Maria Alice Mesquita Vale (in memoriam)
Amanheceu
E o céu chorava e eu não percebi
Saí, nem triste nem alegre, aberto para a vida
E, de repente, encontrei-me com uma amiga lagrimosa
Meu sangue esfriou, só ouvi a resposta
Maria Alice tinha partido
Cedo, cedinho
Logo, hoje, quando tomava posse, em definitivo
Como nossa chefe na Superintendência Regional de Ensino
Descemos para o Pronto Socorro
Lá estava o corpo e não mais a minha menina sorridente
Busquei o Menino para me explicar
Ninguém o via, só eu
Ele me disse apenas que ela fora chamada
Não liguei para ele
Disse-Lhe que aquela rosa era a nossa rosa
O Menino respondeu que não
Já enfeitara demais o jardim da humanidade
Estava, agora, no jardim da espiritualidade
Todos meus colegas choravam comigo
O Menino ficou muito comovido
Falou-me, porém, que todos nós temos a sua hora
E, agora, madrugada adentro
Enquanto o Menino tenta me consolar
Escrevo este poema, pedindo desculpas
Desculpas pela minha ausência do Recanto
As lágrimas descem
Mesmo eu tendo o consolo de, aos pés da cama derradeira dela,
Ter cantado Ave Maria
Ave, Maria para Maria Alice, minha doce e saudosa amiga.
Divinópolis, 05.01.09