A Dor Alheia
O que sente um pai que perdendo seu emprego
Após vagar semanas com um jornal sob o braço
Em casa de mãos vazias, no aniversário do filho
Com todas as portas ainda fechadas em sua vida?
Ou um catador, antes alegre pela noite em claro
Que lhe permitiu juntar uma grande quantidade
Mas se frustra ao receber a paga do seu trabalho
Vendo que o preço do papelão caiu pela metade
Talvez não tão ruim quanto para um pescador de alto mar
Que após dias de suor, trabalho e saudades da sua família
A refrigeração da embarcação falhou, descobre ao ancorar,
E as toneladas de peixe que pescou na viagem apodreciam
Mãe aflita que chora todas as noites sem saber
Se o amado filho que amamentara em seu seio
Vai voltar vivo das garras do crime e das drogas
Ou algum dia homens maus o buscará em casa
Alguém que descobre que aquele amigo do peito
Que sempre o ouviu e compartilhou sentimentos
Foi vitimado pelo fruto desta sociedade violenta
E com a bala, a esperança também fora perdida
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Como posso entender o que se passa no coração de cada um destes? Seria compreensível para alguém não inserido na realidade ali vivida? Com que propriedade poderia eu determinar a intensidade do que alí se sente? Apenas a mãe sabe dizer quando seu filho tem motivos ou apenas faz manha.
É muito fácil para qualquer um criticar, comentar ou até dizer palavras de ânimo e conforto e concordo que não se pode viver eternamente em lamentações e tristeza. Precisamos olhar para frente e nossa vida continuar, mesmo em meio a tudo isso. Entregar o coração aflito a Deus, pois Ele pode nos confortar e nos erguer. Se assim o fizermos, nosso Deus vai nos ajudar a não ficar prostrados diante das lutas,
Mas ninguém pode nos tirar o direito de chorar.