A Dor Alheia

O que sente um pai que perdendo seu emprego

Após vagar semanas com um jornal sob o braço

Em casa de mãos vazias, no aniversário do filho

Com todas as portas ainda fechadas em sua vida?

Ou um catador, antes alegre pela noite em claro

Que lhe permitiu juntar uma grande quantidade

Mas se frustra ao receber a paga do seu trabalho

Vendo que o preço do papelão caiu pela metade

Talvez não tão ruim quanto para um pescador de alto mar

Que após dias de suor, trabalho e saudades da sua família

A refrigeração da embarcação falhou, descobre ao ancorar,

E as toneladas de peixe que pescou na viagem apodreciam

Mãe aflita que chora todas as noites sem saber

Se o amado filho que amamentara em seu seio

Vai voltar vivo das garras do crime e das drogas

Ou algum dia homens maus o buscará em casa

Alguém que descobre que aquele amigo do peito

Que sempre o ouviu e compartilhou sentimentos

Foi vitimado pelo fruto desta sociedade violenta

E com a bala, a esperança também fora perdida

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Como posso entender o que se passa no coração de cada um destes? Seria compreensível para alguém não inserido na realidade ali vivida? Com que propriedade poderia eu determinar a intensidade do que alí se sente? Apenas a mãe sabe dizer quando seu filho tem motivos ou apenas faz manha.

É muito fácil para qualquer um criticar, comentar ou até dizer palavras de ânimo e conforto e concordo que não se pode viver eternamente em lamentações e tristeza. Precisamos olhar para frente e nossa vida continuar, mesmo em meio a tudo isso. Entregar o coração aflito a Deus, pois Ele pode nos confortar e nos erguer. Se assim o fizermos, nosso Deus vai nos ajudar a não ficar prostrados diante das lutas,

Mas ninguém pode nos tirar o direito de chorar.

Saulo David
Enviado por Saulo David em 05/01/2009
Reeditado em 05/01/2009
Código do texto: T1368559
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