Quando eu morrer...

Quando eu morrer...

Muita dor haverá, flores...

Pranto com certeza

Daqueles que me amaram.

Um cortejo haverá

Com hinos desentoados, vozes emocionadas...

Choro exposto ou embargado.

Um sepultamento haverá

Com testemunhos da minha alegria de vida,

Das minhas idas e vindas, do quanto fui especial...

Eu aqui jaz, solitária, empalidecida,

Em decomposição constante

Lá se vai à vaidade no tempo distante.

Distante no tempo onde o tudo virou nada

A princípio, muito visitada.

Posteriormente esquecida.

Lembrada apenas em finados.

Flores naturais ou talvez plastificadas,

Cheiro de vela que insiste em ficar apagada.

Colorido fúnebre que atrai visitantes.

Olhares curiosos,

Sinal da cruz, para mim breve alívio.

Olhares fixos em minha foto amarelada,

Comentários desnecessários,

Orações, eu queria tanto.

Que triste, escuro, vazio, frio...

Apesar de todo tumulto lá fora...

Tarde ensolarada...

Conversas, risos e reencontros...

No cemitério, neste dia

Ponto de encontro...

E eu solitária, aqui, jaz...

Cleuza Fernandes
Enviado por Cleuza Fernandes em 21/12/2008
Reeditado em 03/08/2015
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