A MORTE



A MORTE

CONFESSO-ME TÍMIDO
PARA ENTRAR NA NOITE ESCURA.
A NOITE INEXORÁVEL, QUE VIRÁ A MEU ENCONTRO,
ME ROUBARÁ A UM LUGAR DISTANTE,
ONDE REINA O SILÊNCIO,
ONDE NINGUÉM ACORDA PARA VER O SOL-NASCENTE
A BRILHAR O MAR DE GAIVOTAS BARULHENTAS.
É UM INSTANTE SEM FIRMAMENTO ENLUARADO,
SEM BEIJOS DE AMOR EXPLÍCITO DE AMANTES.

VOU PENETRAR NO CORREDOR DOS CONDENADOS,
ONDE O FRIO GLACIAL QUEBRARÁ MEUS OSSOS.

OS MEUS OLHOS SE FECHARÃO
PARA O SONO SEM SONHOS.
VOU CAMINHAR TRÔPEGO NA DIREÇÃO INCERTA
DOS MEUS PASSOS, PRESTE A ROLAR NUM INFINITO PROFUNDO.
NINGUÉM ESCUTARÁ OS MEUS APELOS;
NADA VEREI, NEM SEQUER ESPECTROS AMBULANTES;
NINGUÉM ACORDARÁ PARA MEU SOCORRO.
E A CEGUEIRA ME TORTURARÁ,
FAZENDO-ME GRITAR, MAS A MINHA VOZ
SE PERDERÁ EM ECOS INFINDÁVEIS.
NÃO HAVERÁ LUZ NO FINAL DO TÚNEL
PARA ME GUIAR AOS BRAÇOS DA AMANTE,
HÁ MUITO ADORMECIDA.
A MORTE ME ASSUSTA!
Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 17/12/2008
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1340274
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.