DESABAFO
Hoje quero lhe falar das noites que são minhas.
Eu tenho um coração e uma morte,
Tenho ilhas paradisíacas
E um pouco de margens de rios.
Hoje quero lhe falar de tudo!
Vejo o tempo escorrendo na ampulheta,
Frio no metal mecanizado.
Hoje quero interromper o seu almoço
E atravessar a sala da sua infinitude!
Tenho a permissão do próprio Deus
Para ser o que sou e sonhar o meu sonho.
Hoje quero lhe falar baixinho
Daquilo que se leva no alforje das dores,
Deixa eu tocar o íntimo orgulho,
Deixa eu sentir o amor embrutecido
Desta alma sem corpo.
Hoje quero lhe falar de tudo um pouco,
Dos loucos que são reis;
Dos reis que são loucos.