O ESPELHO
Diariamente,
Perguntava-te
E respondia-me
Que'u era o mais belo
E jovem de todos.
A cada dia,
Repetias o mesmo
E eu,
Vaidosamente,
Acreditava no que dizias.
Ficamos distantes
Anos e anos.
Nem eu perguntava,
Nem me dizias
E eu seguia
Na mesma crença:
Que era o mais jovem
E belo entre todos.
Encontramo-nos, enfim,
Após muitos anos
E encaramo-nos desconfiados.
Perguntei-te se eu era o mesmo
E me respondeste
Maldosamente,
Sem piedade,
Sem coração,
Que eu era o fruto
Indescritível
Da erosão.