Vida

É o contrário do retrato preso no muro

Escuto, no escuro

Um rouco sussurro

De louco, impuro

É pouco, é burro

Eu corro e trabuco

Mas morro ainda

É o retrato preso no muro ao contrário

Maldito, hilário

Sinistro, diário

Vivo, trabalho

E tomo o atalho

Eu corro e labuto

E morro acima

É preso no muro o contrário do retrato

Que eu corto, maltrato

E volto, de fato

Pintura, de mato

De vida que mato

Eu corro e ajo

Mais morto ainda

É o contrário do mundo

É o mundo ao contrário

É a ambição do vigário

É o jogo do otário

É o buraco profundo

É o cavalo no páreo

É o burro na terra

É o barulho do raio

É a criança que berra

É a infância perdida

É a morte que espera

É a vida, é a vida.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 10/12/2008
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