MANHÃ NO CAMPO

MANHÃ NO CAMPO

Logo cedo vê-se o bailado intolerante

De variados dípteros, como multidões aladas,

Famintas, no banquete dos párias do Quênia,

Da Nigéria, do Sudão, de Angola

E.. do Brasil.

A manhã repugnante enche de baba

Os beiços preguiçosos

De bovinos ruminando, relaxados, alheios,

Na quietude da relva que me faz lembrar

“os miseráveis” de Victor Hugo

Longe dos fartos festins de Maria Antonieta.

As moscas se multiplicam em gerações

Espontâneas de barrigas vazias sobre

As placas frescas de esterco verde-lodo

Nesta manhã orvalhada,

Nesta manhã no campo...

Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 08/12/2008
Código do texto: T1324426
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