LÁGRIMAS NA CAMA
Quando cheguei à tua vida, te achei perdida e sem fulgor;
Curei com bálsamo a tua dor, troquei tuas sombras por carinhoso alabastro;
Teu ego era folha seca e hoje é mastro, a estima fugitiva te achou;
Quando eu cheguei o teu deserto se ajardinou e de pura flor se tornou teu rastro!
Meu advento aos teus dias abriu aquele sol odiado por teu inverno;
Arranquei tua alma do inferno e numa nuvem de paixão te conduzi até o céu;
Nunca mais teu âmago nadou em mares de fel, tampouco te implodiu o medo interno;
Cheguei te dando um contentamento eterno, matando a sede de teu sofrer com mel!
No dia em que adentrei por tuas portas, tua sentença vestiu o manto da absolvição;
E te disse adeus a solidão, deixando um vácuo hoje habitado pela esperança;
O mal te fez senil, mas eu te refiz criança, teu protetor eu me tornei como um feroz leão;
Te fiz dormir e te alimentei com pão, como um irmão que por amor ao fogo se lança!
Quando eu cheguei à tua vida, pensei que dela nunca mais eu sairia;
Eu não julguei que o destino me trairia, nem cogitei uma colheita que não semeei;
Se n’algum ponto eu errei, dantes pensei que o peso de meu amar me perdoaria;
E agora vendo essa cama vazia, me pergunto por que partiste, mas a resposta não sei!