LÁGRIMAS NA CAMA

Quando cheguei à tua vida, te achei perdida e sem fulgor;

Curei com bálsamo a tua dor, troquei tuas sombras por carinhoso alabastro;

Teu ego era folha seca e hoje é mastro, a estima fugitiva te achou;

Quando eu cheguei o teu deserto se ajardinou e de pura flor se tornou teu rastro!

Meu advento aos teus dias abriu aquele sol odiado por teu inverno;

Arranquei tua alma do inferno e numa nuvem de paixão te conduzi até o céu;

Nunca mais teu âmago nadou em mares de fel, tampouco te implodiu o medo interno;

Cheguei te dando um contentamento eterno, matando a sede de teu sofrer com mel!

No dia em que adentrei por tuas portas, tua sentença vestiu o manto da absolvição;

E te disse adeus a solidão, deixando um vácuo hoje habitado pela esperança;

O mal te fez senil, mas eu te refiz criança, teu protetor eu me tornei como um feroz leão;

Te fiz dormir e te alimentei com pão, como um irmão que por amor ao fogo se lança!

Quando eu cheguei à tua vida, pensei que dela nunca mais eu sairia;

Eu não julguei que o destino me trairia, nem cogitei uma colheita que não semeei;

Se n’algum ponto eu errei, dantes pensei que o peso de meu amar me perdoaria;

E agora vendo essa cama vazia, me pergunto por que partiste, mas a resposta não sei!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/12/2008
Código do texto: T1318121
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