NUNCA ME DEIXOU SABER

NUNCA ME DEIXOU SABER

Marília L. Paixão

Eu vinho

Você não vem

Eu coca

Você não cacos

Eu rosa e você riacho

Nunca mais provou dos meus pedaços

Eu escrevia e você lia

Eu morria sem desembaraço

Do que fiz não me desfaço

Também não refaço

Você nunca morou no sertão

Nunca provou da seca do soluço

Apenas nadou no mar dos sonhos intensos

Hoje eu faria de um refrão raios de longa distância

Queria escrever com eles bem na janela

Onde adormece com os beijos que eu tive

Escrever que uma áurea de amor sobrevive

Por mais que meus passarinhos não cantem por lá

Por isso padeço sem nenhuma notícia

E as notícias internacionais não me falam de você

Que se morreu

Nunca me deixou saber.

Faz quanto tempo que perdi o direito de lhe proteger?

Faz quanto tempo que perdi do amor o que você precisava?

E sobre a moléstia que tomava conta do seu olhar?

Nunca me deixou saber.

Então penso que deve ser por isso

Que não me deixa saber de sua alma a dentro

Para não ver que se algo ficou cego

Nunca lhe cegaram o sentimento

E se você se protege é assim, respeito

E se perante seus olhos

Nunca conseguirei me redimir, respeito

O que seus olhos decidir eu mereço

Então penso que qualquer hora é hora de enfrentar o mar

Onde te perdi

E me deixar morrer de saudade simplesmente

Deixá-lo dizer: Você não merece saber.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 04/12/2008
Reeditado em 25/10/2024
Código do texto: T1318094
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