Oito de Novembro.
Estou cansado.
Cansado em espirito, em coração, em carne e vontade.
Estou cansado.
De estar doente, de tantos remédios, drogas...
Da tristeza, da saudade, da solidão, da dor interminável, do silêncio sem sentido.
Estou cansado...
De lutar, de perder, da vida que há, da morte que não vem
Das mentiras, das verdades, das ilusões passageiras.
Estou cansado.
De cada dia, de cada noite, de preces inúteis, de Deus, de santos, de sombras, do amor.
Estou cansado.
De mim, de todos, especialmente de você, do ontem, do hoje e nem quero saber do amanhã.
Meu corpo está fraco, minha mente se esvai.
A armadura quebrou, a espada caiu
O veneno enegreceu meu sangue, coagulou minha sanidade
Os portões foram trancados, as janelas foram cobertas de tijolos
E o céu escureceu para mim.
O mundo inteiro de uma vida foi demolido em um único e eterno suspiro.
Estou cansado.
Cansado de existir, cansado do encarcere, da tortura, dos cafés das manhãs, do entardecer, das conversas banais, do papo cabeça
Cansado de odiar o passado, o presente, os domingos, você, de sexo imoral, casual, volátil, ferido.
Cansado das recordações, das punições, do pesar, do vazio
Estou cansado... De não ser, de não ter e de existir.