essência ingênua

órfão de mim,

saí pela rua

buscando um lugar

pra ir ou voltar

mas barco sem rumo

não quer atracar

só quer, eu presumo,

ninguém pra remar

saí pra encontrar

a cidade nua

que eu tinha um vestido

pra lhe emprestar

fui abdicar

da solicitude

que trouxe da infância

qüalhada de anseios

(essência ingênua)

e da imponderância

de alguma atitude

tão própria de quem

só corre sem freios

mas pra quê agora

querer procurar

o pai que me acho

impróprio de ser?

melhor é não ter

o que definir

o que esperar

ou o que dizer

mais vale deixar

o vento soprar

que a folha achará

lugar pra morrer

ou onde escolher

lugar pra secar

Rio, 21/11/2008

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 24/11/2008
Código do texto: T1300426
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