NAQUELA RUA
NAQUELA RUA
Naquela rua sem nome,
Que devia ter nome,
Podia ser “tristeza”, “rua tristeza”.
Sim, “Rua Tristeza”,
Naquela rua o menino aprendeu lições do mundo,
Ouviu cantares, loas, serenatas
E também palavrões, desacatos...
Nas calçadas iluminadas de prata
De luar da infância perdida
Na distância do tempo; viu flores
Murcharem cedo, transformando-se
Em espectros de gente, em mundanas
Que sussurravam em alcovas modestas
Em noites mágicas que flutuavam na zonzeira
De homens inconseqüentes, irreverentes,
Que uivavam como cães excitados pelo cio de cadelas vadias.
Rua simples, sombria, descalçada,
Povoada de viventes inconscientes, inocentes,
Como um menino daquela rua,
Que ficou na memória
De outro menino que fui eu...