PEGADAS DA VIDA

Fundas pegadas na lama sem vida,

expurgadas de amor e piedade,

tecem franjas numa rota perdida

eivadas de ódio cheias de maldade.

Na nudez cega do próprio deserto

onde as tempestades ecoam ventos,

resvala a intempérie do ser desperto

pela força do mundo e seus lamentos.

Nas crostas duras dos pés pesados

descansam as léguas duras do mundo

que no arrastar dos sulcos gretados

levam feridas de um corpo moribundo.

Na pedra tosca, gelada e densa,

dorme um corpo como em fofa cama,

cobre-o uma manta escura e extensa,

tapando as pegadas da vida de lama.

José Rafael
Enviado por José Rafael em 22/11/2008
Reeditado em 22/11/2008
Código do texto: T1298308
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